sábado, 6 de março de 2010

Baú de Esqueletos


No meio da sala
bebo às intenções
e  resisto aos vazios submetidos
nas reentrâncias da porta de entrada

o sino de vento anuncia tempestade
os gatos miam satíricos
não reparo na poeira dos móveis
olhos rasos de eterna lume


há tempos que não limpo o chão
ha tempos que não me olho no espelho


a saída é fazer  poesia
que entope o branco
de palavras esganiçadas
nunca digo amém sem pudor
a poesia é limpida e não suja a sola do pé

E se o sal que lava as escadas
é pura profecia
 me acalmo no meu rito
no meu tema que é dormir com meus fantasmas.

Baú de esqueletos.

Um comentário:

Jonathan disse...

Os versos "há tempos que não limpo o chão/ ha tempos que não me olho no espelho" são o ponto alto do poema!!!