quinta-feira, 27 de março de 2008


(Noche de los pobres- Diego Rivera)
Amanhã
Vou caçar passarinhos
E enfeitar a casa
Com as rosas que acabaram de abrir

Vou fechar as janelas
E procurar entre as paredes
Motivos para empalhar as minhas dores.
Tão sofridas.
caladas,
desesperadas.
Venci a distância
E calei meu desejo com um beijo.
Agora, estou ardendo entre as pernas.
Sou feita de recantos
Onde me escondo
Quando tudo fica óbvio.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Expurgo

Te pedi um presente,
e tu me deste um anel de pedra falsa.

Te pedi uma bebida
e tu me deste, uma taça de fel.

Te pedi um exemplo de vida,
e tu me deste uma reprodução
de Frida Khalo transmutada de
cervo infeliz.

Como eu.
Um quebra-cabeça inventivo
Com a vida dilacerada, costurada
e retalhada tantas vezes que
nela me perdi.

*Com essa poesia conquisei o terceiro lugar no Concurso Poesia no Varal em 2006.
Antes a vida mal vivida
que a morte desconhecida.

terça-feira, 25 de março de 2008

Amor para sempre

Avisto o fim.

O vento me sopra com sofreguidão.
Minha alma percorre o túnel que me leva sem piedade até os confins do inferno.
Coragem! Coragem! Diz-me minha vontade.

Mas a fúria me atiça.

Então, abro meus braços para a angústia.
Tento me controlar, mas a ânsia de conseguir alcançar o topo do mundo, me faz retornar da onde nunca deveria ter saído.

As chamas me devoram.
E eu não devo reclamar.

Pequei.
Pequei por teus olhos.
Pequei por meus olhos,

por onde seu amor entrou e me levou a perdição...

A penitência não me tem nenhum valor.

Pois teu amor permanecerá em mim como purgatório.

Para sempre.

Hoje choveu

Hoje choveu.
O céu estava cheio de lavadeiras e as madressilvas enfeitavam o jardim.
Passei o dia sonhando com olhos e mãos que me apertem os seios.
Sinto espasmos de sedução.
Estou sonhando como louca.
Doida para ter você.

Vou te arrancar da minha vida

Vou te arrancar da minha vida.
Não posso deixar que esse sentimento vire raiz.
A pouca sanidade que me resta, me impele somente para meu parco viver.
Não quero perder minha liberdade de pensar.
Não quero ter pensamento fixo.
Não quero ter beijo fixo.
Sexo fixo.
Desejo fixo.
Compromisso fixo.
Quero poder ir e Vir.
Como os pássaros.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Confessional

A mulher que sou está guardada nas páginas
do diário que escrevia quando menina.

Menina, menina, com medo do mundo.

Com medo de olhos e passos.
Com medo do caminho e do escuro do quarto.
Com medo das pessoas e suas vontades.
Menina, menina, com medo de crescer...

E sofrer.

Poema 308

O vento entrou na janela,
E mexeu nos seus cabelos e na planta logo ali...
Eu queria falar de amor.
Mas me bateu um grande cansaço.

O sol entrou pela casa nesta manhã feita de silêncios estúpidos.

Entupiu minhas retinas, cegou tudo aquilo que eu não queria ver.
Eu queria falar de amor.

Mas estou tão cheio de todas as coisas que fingem que se completam.
Que sofro...

Eu queria apenas falar de amor...

Mas as palavras fugiram.
Estão brincando de esconde-esconde dentro de mim.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Nunca te vi

Nunca te vi
Mas ontem sonhei contigo.
Não conheço seu corpo
Mas pressinto teu cheiro
E anseio por teu sabor...

Nunca te vi
E nem te provei
Mas sua alma me sussurrou no ouvido
E te juro
Que a tentação não me faz mal...

Se quiser, caio de joelhos
enquanto suavemente
percorres a devassidão
de minha alma fêmea.

Quero dançar o amor nos teus poros
quero sorver teu suor.
Te farejar...

Nunca te vi
Mas me vejo te querendo
Com obsessão
Minha carne palpita...

Sentes?
Podes sentir os fluidos que saem
Das minhas grutas de veludo?

Quer provar meu sabor?

Nunca te vi
Mas vejo cenas obscenas
De nós dois.

Eu coro.
Mas meus pecados serão todos perdoados.

Nunca ouvi tua voz
Mas a tua poesia me enche de lascívia.
Quero juntar minha alma a sua.

Ouve meu anjo...
Seria capaz de fugir comigo?

Vamos de mansinho
Enquanto os deuses colhem flores.

Estou inconsolável.
Meu corpo esta febril.

Minha boca saliva mel...

domingo, 16 de março de 2008

A Poesia

A poesia no silêncio da noite
é a doce companhia que abre
o coração,perpetua as palavras
e consola.

Como uma prece.
Venci a distância
E calei meu desejo com um beijo.
Agora, estou ardendo entre as pernas.

sábado, 15 de março de 2008

Maria Madalena

Não me venha falar de pecados, porque estou exausta.

Não me venha falar de pedras, de ódios e hipocrisia,
Por que minha alma está exaurida.

Quero sim, é banhar-me em óleos e ungüentos...

Quero sim, é tirar esses andrajos e vestir-me de
princesa, para sonhar com sua voz a sussurar-me
O cântico dos cânticos.

Quero apenas me recordar de ti...

Pois o que me restou, quero esquecer.

A herança que deixo ao mundo,
é a gênese do amor proibido,
Interrompido, impossível, inesperado.

Amor negado, interferido,amaldiçoado e
perseguido.

Mas, inegavelmente,amor.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Quero dizer...
que tenho medo.

Quero dizer que tenho medo.

E se me calo,
eu tenho medo

E se falo
eu tenho medo.

Queria poder me rasgar e me ler

Não sei se vou gostar.
apenas tenho medo.
O amor passou.

A dor ficou.

Eu ainda procuro seus passos

no frescor da manhã...

quinta-feira, 13 de março de 2008

A vida é breve

O tempo me escorre pelas mãos.

Cruel, os minutos disparam balas como canhões.
Uma vida nunca será suficiente para encontros e despedidas.
E quiçá, para esbarrar com a felicidade verdadeira.

Não me oponho à vida.
Mas porque tem que ser tão breve, tão breve?

Serei cobrada por tudo que fiz?
E o que não fiz?
Não há mais tempo para fazê-lo.

Não fui capacho.
Não sou um bêbado.
Não sou vulgar.

Só tenho sonhos de menina moça.

Inalcançáveis, exorbitáveis,

Ridículos sonhos de menina moça que não sou mais.

Ainda assim, o tempo me escorre pela mãos, e como bem sabes, a vida é breve.
O farol
Sozinho
ilumina caminhos

Eu sozinho
me perco.

Indefinidamente...
Guardo mil palavras dentro de mim

Mas elas não se sustentam sozinhas.Me chacoalham.

Mas eu nem percebo

Será que viver todos os dia não me basta?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Tua

Desço de Vênus
Encontro-me aos teus pés.
Bem mais perto que tu pensas
Bem mais perto que qualquer kuasar.

Canto

Para Junior e Valmon


O violão despe
A melodia
Que o poeta
Coloca para fora
Em forma de canção.

O poeta

O poeta não sabe nada.
Ele apenas escreve o que vê
Com seus olhos mágicos e sábios.

Temporal

Nosso senhor amanheceu zangado.
Brigou com São Pedro que o irritou.
Fez uma arrumação no céu.
Roncou trovoada na terra.

domingo, 9 de março de 2008

Começo

Queria contar uma história de amor dessas que fazem chorar.
Que fazem ovular sentimentos tão profundos que resistam aos sofrimentos.
Queria contar uma história de amor
Dessas de encantos simples.
Repletas de cheiros e gostos que marcam na carne e na alma.
Uma história de amor que não tivesse meio nem fim.
Apenas começo.

Do livro Na Rota

Liberdade

O sol raiou e,
Nos quatro cantos do mundo
Expirou-se o prazo
Das tiranias, do imperialismo,
De toda opressão sob a face da terra.

A liberdade subiu à cabeça dos homens.
E os fez fortes.
E os fez sãos.

A liberdade ecoou
Pelas ruas e brilhou
Nos olhos das crianças.

Do livro: Na Rota

quinta-feira, 6 de março de 2008

Morlogia

Morfologia, significado: Bandeirar.
Radical, afixo, infixo, vogal temática
Tema. Disinência
Derivação composição e hibridismo
Onomatopéia, sigla e abreviação.
E você, bem longe do meu coração.

Prefixos, sufixos e radicais.
Gregos ou latinos?
Ser ou não ser? Ter ou meter?

Substantivo ou adjetivo?
Artigo ou numeral? Pronome ou verbo?
Advérbio ou preposição?
Conjunção ou interjeição?
Morfologia ou Sintaxe?

Ou ela ou eu?
Mas pelo amor de Deus!
Não se decida pela semântica, essa deusa verbal
Cheia de nímias metidas à besta.

Mais um Estatuto

Para o Poeta Thiago de Mello


É permitido sonhar e dizer absurdos.
Todos os absurdos mais tolos
Pela manhã, logo ao desjejum.

É permitido escrever nos muros
Mas só se for para dizer te amo, e as
Palavras falarem e ouvirem o eco da
Resposta: Eu também te amo.

É permitido amar o outro
Sem cobranças, sem competições.
Que a única competição seja
Quem levanta os braços primeiro para dar o
abraço.

É permitido beijos, gozo, prazeres,
Desde que haja respeito e conivência.
Desejo e cumplicidade.

É mais que permitido muito mais que permitido
fartura na mesa.
Riqueza repartida.
Terra para todos.
Oportunidades sem medidas.

É permitido fazer poesia, todas as gentes de todas as idades
raças e credos.

É permitido fazer amor. É permitido morrer de amor,
É permitido viver de amor...

É permitido que a palavra se exponha.
Livremente livre, nua, como veio ao mundo.

Lindamente indiscreta e poderosa para romper mentes
E seguir adiante.