sexta-feira, 27 de abril de 2007

Fingimento

O silêncio das palavras
Me ocasiona um vazio na alma.
Quem me dera conhecer a língua verdadeira.
Aquela que faz nascer a poesia como se fosse um milagre da vida.
Finjo que sou poeta.
Apenas finjo.
A poesia não tem dono mesmo.

( do livro Na Rota)

C.A.O.S

No Mundo em caos,
a desordem das palavras
é a única subversão possível.



( do Livro Na Rota)

Poeminha III

Ah! A poesia!
Que faz com que os sonhos sejam possíveis,
As palavras sejam eternas e os amores para sempre.



( Do livro Na Rota)

O Começo

Queria contar uma história de amor dessas que fazem chorar.
Que fazem ovular sentimentos tão profundos que resistam aos sofrimentos.
Queria contar uma história de amor
Dessas de encantos simples.
Repletas de cheiros e gostos que marcam na carne e na alma.
Uma história de amor que não tivesse meio nem fim.
Apenas começo.


( Do livro Na Rota)

Chuva

Chove manso no telhado.
Procuro uma chave para abrir a porta.
Mas descubro que estou fechada por dentro.
E o pior de tudo: Estou molhando nessa chuva fria.



( Do Livro Na Rota)

Pecado

Para Tia Nancy.


Dia desses fiz um bule de café cheio de auspícios.
Comi suspiros e mais suspiros que minha tia assou.
Essa minha tia é cozinheira de mão cheia.
Faz bolos e suspiros e pães doces impecáveis.
Faz doces que engordam os olhos e salgados cheios de alma.
Minha tia coitada, ainda tem a insensatez de
comungar todo domingo como se não enchesse nossa vida de pecados.


( Do livro Na Rota)

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Ânsia

Minha vida é um mormaço
ansiando por dias de sol
por dias de asas
que me levem pra bem longe daqui.
Para um lugar de invenções e brinquedos de menina
que nunca tive.

Minha vida é feita de lutas e batalhas.
Onde luto contra todos.
Principalmente, contra mim mesma.
Que reluto, que insisto, que não desisto de transformar
argila em estrelas.

( Do livro Outras Poesias)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Um doce

Um doce na panela cozinhando
esperando dar o ponto desejado.
E eu, nesse encanto que não passa, esperando
chegar a noite, incontinenti.
Vislumbro meus cabelos em teu peito e
desarmo a angústia que me descontrola.

Te sirvo o doce que esfriou na panela
ouço teu dia, e aflita desligo notícias.
Apenas quero te acariciar sem compromisso.
Não é preciso muito pra me agradar.

Teu amor no nosso dia a dia é o maior desejo que eu podia esperar.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

No Poema Cabe Tudo

No poema cabe tudo.
Cabe pão, mão, flor, amor.
Cabe dor, morte e pesadelo.
Cabe vida e compaixão.

No poema cabe tudo
Cabe menina, cabe sina.
No poema cabe o operário
Cabe a construção.

Cabe a rua e a cidade em expansão.
No poema cabe tudo.
Só não cabe a escravidão.

(Do livro Outras Poesias Poema Lido na UNESCO- Canadá em 21/03/2007- Evento realizado pela escritora argentina Nela Rio)

Um Adeus

Irei m’embora

e os pássaros ficarão cantando...

O tempo lhe dirá que eu era seu dia branco,
Seu manancial de água pura, o espírito que se movia
No jardim nostálgico de nossa vida.

Irei m’embora
E tu ficarás sem lar, sem flores, sem música,
Sem perfume, sem amanhã.

Irei m’embora

e os pássaros ficarão cantando.

( Do livro Outras Poesias)

O Saci

A colher caiu no chão.
A agulha sumiu na agulheiro.
O feijão salgou na panela.
Isso é arte de saci.
Pula dali.
Pula daqui.
O saci.

Dizem que dorme no bambuzal.
Que aparece em redemoinho de ventania.
E o vento ventando.
Que nada! E saci!
Que pula dali.
Que pula daqui.
Numa perna só.
O travesso saci.

( do livro na Rota)

Delírios

Hoje acordei com delírios de poeta.
Mas a caneta não quis compor o verso que brincava na intuição.
A mão, relutou em escrever o soneto que juro que aprendi.
Minha mente acordou com maneirismos de máquina a vapor.
Acabei passando o dia na janela observando a poesia do abrir e fechar das pétalas das minhas onze horas.

( do livro "Na rota")

Poeminha II

As folhas das arvores caíram no chão cheio de caracóis.
A menina estava olhando o vai e vem das formigas e
nem notou que o outono já chegava...

O Despertador de Manhãs

Salve o passarinho cantante que durante todas as manhãs,
me acordou pontualmente, sem faltar um dia sequer, descontando, os dias de tempestade .
Salve o cuco natural, falador da vida dos outros, que me anuncia a manhã, no seu ninho,
No buraco do ar condicionado.

Banquete

Caqui,surubim
olhos de estrela

A flor de jambo
sob o sereno
Enquanto você
adormecia.