sexta-feira, 18 de julho de 2008

Quereres

E o que me importa

se o dia nasceu

se a rosa cresceu

e se não estou mais daquele mesmo jeito

que te despertava, por inteiro?

O que me importa?

A minha saudade não tem mais conserto

e eu nem percebi que te evocava todos os dias

no labirinto, do meu coração,igual prece,

minuto a minuto.

Contando luas, desfazendo simpatias

Querendo crer que ainda estou daquele mesmo jeito

que te despertava por inteiro.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

No poema cabe tudo

No poema cabe tudo.

Cabe pão, mão, flor, amor
Cabe dor, morte e pesadelo.

Cabe vida e compaixão.

No poema cabe tudo

Cabe menina, cabe sina.

No poema cabe o operário
A construção.

Cabe a rua e a cidade em expansão.

No poema cabe tudo

Só não cabe a escravidão
Lentamente te toco a pele
Arrepia.
Enquanto isso
A lua refletida no vidro,
brilha.

E o cinzeiro cheio de guimbas
Espalha cinzas
Pelo chão.

domingo, 13 de julho de 2008

( Marc Chagall)

Pedido

Meu amor,

Faz minhas vontades, todas elas.

Vista-se de azul para relaxar, tome coca-cola, mesmo de dieta.

Falte ao trabalho e vamos sair, para passear, para namorar.
Num canto qualquer ou num quarto de motel.

Sim. Faz minhas vontades. Todas elas.

Vamos tomar vinho tinto até nos fartar.

Vamos nos lambuzar de coisas que não ouso falar.

Vamos andar de mãos dadas, ao luar, tirando sarro do mundo, tirando sarro no carro,
tirando sarro da vida.

Porque minha vontade é estar com você noite e dia,
Fazer-me desvairadamente tua.

De vestido vermelho, de batom na boca, brincos de argola e perfume de tangerina e limão.

Cheia de fingido pudor para mostrar-me para ti como ninguém me vê.
Só você.

Sim.]

Vamos sair e você vai fazer minhas vontades. Todas elas.
Ah! Vai sim!

Vai fazer todas as vontades da mulher que você ama.

Porque por mais que eu negue, me descabele, te desconjure, também sou tua.
Sem papéis a nos ligar.

Somos vítimas do nosso amor
que nasceu de um beijo no espelho,
de um sorriso misterioso que fez toda a diferença.
Por isso estou aqui.

Tua.

Mas vou te contar um segredo.

Não se apavore, por favor...

Até quando vai durar esse amor, eu não sei.

Por isso aproveitemos o dia, aproveitemos a noite.

E, meu amor, vamos sair pra namorar...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sem Rodeios

Se antes...
se depois...

Teu cheiro

sol e sal

me enchem de poesia

e fome....

O anel

Jogo pro alto

aos solavancos toda essa minha vontade

de ir atrás de você

de rondar os teus passos

de ignorar sua desdenha

de me sufocar enquanto me amassas a carne

Queria te propor uma dança

um cigarro

mas nada faço

Quero morrer

Quero morrer e morro

Sou morto vivo

Sentado

Com as mãos sobre os joelhos

admirando o anel que tu me deste...

cimentoconcreto

Estou concreta.

Incerta.

Gráfica.

Cimentam a jaula que vivo

e grito.

Para mim, tanto faz.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

(Marc Chagall)

A vida é breve

O tempo me escorre pelas mãos.

Cruel, os minutos disparam balas como canhões.

Uma vida nunca será suficiente para o encontro com a felicidade verdadeira.
Não me oponho à vida.

Mas porque a vida tem que ser tão breve, tão breve?
Serei cobrada por tudo que fiz?

E o que não fiz?

Não há mais tempo para fazê-lo.

Não fui capacho.
Não sou um bêbado.
Não sou vulgar.

Só tenho sonhos de menina moça.

Inalcançáveis, exorbitáveis,
Ridículos sonhos de menina moça que não sou mais.

Porque o tempo me escorre pela mãos e como bem sabes, a vida é breve.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

(William-Adolphe_Bouguereau_(1825-1905)_-_Dante_And_Virgil_In_Hell_(1850)

A palavra

A palavra tem sabor.

Cabe a nós saboreá-la.

Sem tempero, crua, a gosto.

O importante é digerí-la, seja do jeito que for...

Abrigo

Teus braços...

Doce abrigo que me dá certezas e me revela.

crescer

O menino brincando não sabe quem é.
Ele monta brinquedos, inventa mundos.
jogando, descobre hipóteses.
Com o livro, devaneia.

Ele fabrica...Inventa...

Explora...Constrói... Desconstrói, acerta, desacerta...

É o homem crescendo no menino sem ele saber.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Refúgio

Que me importa
o silêncio
Se tua voz é meu refúgio?